Cidadela Cultural Antárctica

Neste momento, a empresa possuía oitenta empregados e produzia dezoito mil hectolitros/ano para as cervejas Ouro, Pilsen, Catharinense, Clarinha, Sem rival, Porter e Munchen (GUERREIRO, 2008).

Em 1942, deixado o nome Thiede e reinaugurada como Cervejaria Catharinense, a partir da nova direção com Werner Metz, a Companhia Antárctica Paulista expande até 1973 suas empresas associadas – incluindo a Cervejaria Catharinense – e, que deixa de ser uma filial e passa a integrar a então Companhia Sulina de Bebidas Antárctica em Joinville, incorporando as unidades de Ponta Grossa e Curitiba, além de tomar controle acionário sobre a Cervejaria Serramalte (fábricas que ficavam nas cidades de Getúlio Vargas e Feliz).

Já em 1998, a Companhia Sulina de Bebidas Antárctica encerrava suas atividades. Assim, seu patrimônio ficou sob os cuidados da Indústria de Bebidas Antárctica Polar, e transferiu o patrimônio para o Município de Joinville em março de 2001, fornecendo um abatimento no valor desde que o prédio principal na XV de Novembro permaneça como Complexo Cultural Antárctica. A partir do Decreto nº 10.430 de 07 de janeiro de 2002, assinado pelo ex-prefeito Luiz Henrique da Silveira, foi denominada como Cidadela Cultural Antárctica e delegada à CONURB sua manutenção.

Em 5 de maio de 2006, a Lei municipal nº 5476, permitiu o uso de uma das estruturas do antigo prédio para o Instituto Luiz Henrique Schwanke – ILHS e foi neste mesmo ano que se iniciou o processo de tombamento nº 030/06 datando de 4 de outubro, onde nele é declarado que existem diferentes níveis de preservação na Cidadela, sendo eles: Preservação integral, Reconstituição, Adequação e Renovação. Sendo assim, alguns documentos e equipamentos da antiga fábrica ainda seriam mantidos no local.

Cabe ressaltar que em 19 de março de 2021 houve na Cidadela Cultural Antárctica um incêndio onde diversos documentos foram perdidos (G1, 2021). Assim, veio à tona a discussão de como é compreendido e significado esses espaços patrimoniais, não só pela população, mas pela própria ótica dos órgãos responsáveis que deveriam realizar a manutenção e preservação. Contudo, a falha nestas tarefas levaram ao incidente, cabendo agora somente realizar restaurações para tentar recuperar parte do que foi perdido. No ambiente também está em funcionamento o Parque das Águas, terreno que foi cedido para a realização de um espaço à comunidade para lazer e diversão.

Conforme o exposto, gostaríamos de refletir com a citação a seguir: 

“O real sentido do patrimônio, o real momento do patrimônio quando nossas emoções e sentimentos em relação a nós mesmos estão verdadeiramente envolvidos, não está tanto na posse do colar, mas no ato de transmitir e receber memórias e conhecimentos” (SMITH, 2006, p. 2).

Tendo em vista o parecer técnico 030/06, o tombamento da Cidadela Cultural se deve à sua arquitetura industrial, a história da cervejaria na cidade e ao interesse em preservar esse “equipamento cultural”, pois dessa forma as pessoas que já tiveram sua relação com a fábrica, a comunidade que teve relação com a indústria, podem perceber que suas participações são história também, devendo ser preservadas e compartilhadas.